A pintura "95 Teses de Martinho Lutero" (1872), óleo sobre tela, de Ferdinand Pauwels (1830-1904). (Imagem: Wikipédia)


Há 506 anos, em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, um monge e professor alemão, fixou 95 proposições, conhecidas como teses, na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha.

O ato, inicialmente destinado para discussões acadêmicas, transformou-se em um divisor de águas na Igreja Cristã.

Antes de Lutero, diversos outros nomes se debruçaram em questionamentos das práticas do clero, como John Wycliffe, Jan Hus, John Calvin e Ulrico Zwinglio.

Na década de 1370, por exemplo, Wycliffe, que era um professor universitário de Oxford, iniciou um projeto para traduzir a biblia para o inglês, a língua do povo comum da Inglaterra, seu país natal.

No entanto, foi Lutero quem, ainda que sem a intenção de desencadear uma separação do catolicismo, fez nascer uma nova igreja cristã, tendo como base os próprios ensinamentos bíblicos dos apóstolos.

Suas críticas à autoridade papal e suas propostas para uma reforma na igreja acabaram incendiando uma revolução religiosa e ideológica.

Questionamentos e acessibilidade às Escrituras

Lutero questionou veementemente as práticas da Igreja Católica Romana, especialmente em relação à venda de indulgências, que permitiam às pessoas “comprar” o perdão dos pecados.

As teses foram redigidas em latim, o idioma acadêmico da época, mas sua influência se espalhou rapidamente, traduzidas para vários idiomas e impressa em larga escala, graças à invenção de Johann Gutenberg: a prensa de tipos móveis.

A Bíblia foi primeiro livro na Europa impresso na impressora de tipos móveis de Gutenberg. À medida que a popularidade da imprensa escrita crescia, as cópias da Bíblia tornaram-se mais disponíveis, mas as barreiras linguísticas continuaram a tornar a acessibilidade um desafio.

Então Lutero decidiu traduzir a Bíblia do latim para o alemão, a língua comum do povo.

“As Escrituras sempre pertenceram à Igreja, mas a questão era quem as interpretaria”, diz Allen Tennison, Conselheiro Teológico do Escritório Nacional das Assembleias de Deus. Parece que Lutero fez isso.

Impacto da Reforma Protestante

Ruthie Oberg, do Flower Pentecostal Heritage Center, enfatizou a relevância deste dia muitas vezes esquecido e sua importância para o ramo protestante do Cristianismo.

Oberg explica que Lutero estava cansado do conflito entre o que lia nas Escrituras e as práticas da Igreja:

“Martinho Lutero desafiou a Igreja Católica Romana para uma discussão sobre assuntos de penitência, a autoridade do Papa e os abusos na venda de indulgências”.

Este desafio foi escrito num documento contendo 95 teses e pregado na porta da sua igreja com o que ela chama de “o martelo ouvido em todo o mundo”.

Hoje reconhecemos comumente as ênfases teológicas da Reforma por cinco “Solas” (termo em latim para “somente”). São eles: “Sola Scriptura” (somente a Escritura), “Sola Gratia” (somente a graça)”, “Sola Fide” (somente fé), “Solus Christus” (somente Cristo) e “Solis Deo Gloria” (somente a glória de Deus).

A publicação das 95 teses ecoou por toda a Europa, desencadeando debates acalorados e reacendendo discussões teológicas, doutrinárias e políticas.

Até os dias atuais, o legado das 95 teses de Lutero perdura, influenciando a maneira como a fé cristã é compreendida e praticada em suas múltiplas vertentes.

FONTE: kadoshwr por redação GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA AG NEWS E CHRISTIAN POST